Deputado é ameaçado de morte por investigar irregularidades em prefeitura da Baixada Fluminense
- sexta-feira, 16 setembro 2011, 23:45
Samuquinha passou a andar com seguranças 24 horas por dia e carro blindado. Extraído na íntegra do Portal R7.

Deputado quer abrir CPI para apurar irregularidades / Marcelo Bastos-R7
Por Marcelo Bastos do R7 – As ameaças que tentaram impedir a juíza Patrícia Acioli, morta com 21 tiros no último dia 12, em Niterói, na região metropolitana do Rio, de exercer o seu trabalho bateram à porta da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) na última semana. O deputado estadual Samuel Corrêa da Rocha Junior, o Samuquinha (PR), foi informado sobre um plano para matá-lo. As informações foram passadas pelo Disque-Denúncia e a chefia de Polícia Civil determinou que a DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense) investigue o caso.
As investigações que o deputado tem feito sobre supostas irregularidades relacionadas à Secretaria de Saúde de Duque de Caxias seriam o motivo da ameaça. Por causa da denúncia, Samuquinha passou a andar acompanhado de dois seguranças, policiais armados, e só circula em carro blindado. Segundo ele, que pretende abrir uma CPI para investigar o caso, os contratos irregulares teriam somado cerca de R$ 1 bilhão, desde 2009.
- Isso nunca me aconteceu antes. Assusta, mas ao mesmo tempo estou tranquilo e isso só reforça a minha vontade de instaurar uma CPI para investigar essa roubalheira. É chato porque não estou acostumado com isso, andar com segurança, acompanhado o tempo todo. Vou até solicitar ao governador Sérgio Cabral um aumento de efetivo porque duas pessoas é muito pouco.
A denúncia informa que o deputado, integrante da comissão de Transparência da Alerj, será assassinado por quatro pistoleiros, dois da cidade de Magé e dois de Itaboraí. Constam ainda informações sobre o trajeto feito por Samuquinha todos os dias; menciona a churrascaria de sua propriedade, na rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, reduto eleitoral do parlamentar, e o centro social mantido por ele em Santa Cruz da Serra, no mesmo município.

No relato, o denunciante aponta quatro pessoas como mandantes do crime, todas elas ligadas à administração municipal. De acordo com investigadores da DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense), três pessoas já foram ouvidas, mas o teor dos depoimentos não foi revelado.
Algumas empresas também foram mencionadas na denúncia, entre elas a Marca, que mantém contrato com a Secretaria Municipal de Saúde e subcontrata outras empresas para prestação de serviços em unidades de saúde. A prefeitura de Duque de Caxias informou que o contrato com a empresa Marca “foi feito através de processo licitatório dentro da legalidade, moralidade, impessoalidade e transparência”.
A prefeitura de Duque de Caxias informou também que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) “não apresentou nenhum questionamento quanto ao trâmite de todo o processo”.
Inspeção do TCE encontrou irregularidades
No processo número 229.274-9/10, um dos três analisados pela Alerj que envolvem a prefeitura de Caxias, o conselheiro-relator do TCE José Gomes Graciosa atesta que “existe uma profusão de irregularidades no relatório de inspeção ordinária”, realizado na prefeitura de Duque de Caxias, entre 21 de junho e 6 de julho de 2010, a respeito de todo o ano de 2009.
No processo, que também apura irregularidades em despesas com publicidade entre 2005 e 2008, são sugeridas uma série de medidas para avaliar os danos e apontar responsáveis. O relator pondera, no entanto, que antes de serem tomadas medidas, os envolvidos precisam ser comunicados e apresentar defesa, entre eles o atual prefeito José Camilo Zito, e o ex-prefeito Washington Reis.
Em um dos itens do relatório, que diz respeito à empresa Marca, a inspeção constata que “[...] as prestações de contas não se encontravam autuadas, numeradas, rubricadas e arquivadas cronologicamente de modo a permitir o acompanhamento sequencial dos atos relativos ao processamento da despesa, gerando a possibilidade de eventuais perdas ou extravio de documentos inerentes à operação realizada”.
O processo ainda não foi concluído, uma vez que foi dado prazo de 60 dias, a partir da notificação, para que os responsáveis apresentem defesa. Em outro processo, número 200.468-5/10, o conselheiro-relator Aloysio Neves pede que sejam apurados os indícios de irregularidades em contrato de parceria entre a empresa Marca e a prefeitura de Duque de Caxias. FONTE